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Foto do escritorRui Martins

Autismo em Portugal: desafios e oportunidades

12 de Março de 2024, Lisboa. O impacto do autismo é multifacetado e requer abordagens holísticas para garantir o bem-estar e a inclusão de indivíduos autistas. Esta questão exige não apenas esforços contínuos na pesquisa e desenvolvimento de intervenções eficazes, mas também destaca a importância da consciencialização, educação e apoio a todas as partes envolvidas.

 

“Eu não que outras crianças sofressem o que a minha filha Mariana sofreu até ao diagnóstico do autismo: sofreu bullying na escola e decidi estudar e especializar-me pela causa do autismo como uma ativista com o ímpeto de ser suporte para outras famílias.”, revela a Dr.ª Indihara Horta, mãe “atípica” fundadora do Centro de Desenvolvimento Infantil Kuzola Mona e presidente da comissão organizadora do Congresso Europeu do Autismo CEA 2024 .

 

Mais do que um simples Congresso, reunindo mais de 30 especialistas e académicos internacionais, este é um evento que irá proporcionar cerca de 16 horas de informação especializada e capacitação a mais de 400 famílias portuguesas, nos próximos dias 16 e 17 de Março, na Fundação Champalimaud em Lisboa.

 

Como uma condição do neurodesenvolvimento de início precoce, caracterizado por prejuízos persistentes na comunicação e interação social associados a padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades, estima-se uma prevalência de 0,5% da população com Transtorno do Espectro Autista (TEA), afetando cerca de 60.000 famílias em Portugal.

 

As causas do autismo são maioritariamente genéticas, com herdabilidade em torno de 81%, sendo 18 a 20% de causa genética somática, ou seja, não hereditária, sendo o restante dos casos composto por fatores ambientais. Nomeadamente, a idade paterna acima de 40 anos e o uso de ácido valpróico na gestação, infeções neonatais, anóxia neonatal, prematuridade, baixo peso ao nascimento, retardamento de crescimento intrauterino, obesidade materna, diabetes gestacional, gestações múltiplas, contribuem para o aumento do risco de TEA.

 

As estimativas de prevalência do autismo são essenciais para se adotar políticas públicas, aumentar a consciencialização, desenvolver pesquisas contínuas e promover intervenções mais efetivas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com espectro do autismo. São ainda fundamentais para capacitar e empoderar as famílias com informação e formação, e disponibilizar medidas de apoio que lhes permitam ultrapassar as dificuldades financeiras dos custos de saúde e educativos que, em média, variam entre os 480€ e os 1.800€.



A carga emocional e económica significativa sobre as pessoas e suas famílias, cuidando de crianças em condições mais graves pode ser exigente, especialmente em que o acesso aos serviços e apoio são inadequados. Assim, o empoderamento dos cuidadores é cada vez mais reconhecido como um componente fundamental das intervenções de cuidados para crianças nestas condições.  

 

O prognóstico do autismo é determinado fundamentalmente pelo nível cognitivo da criança e pela resposta à intervenção, particularmente até aos 7 anos de idade. É sempre possível intervir e melhorar, mas os resultados são melhores com a intervenção precoce.

“Tudo começou quando percebi que o meu filho Rodrigo, 5 anos gémeo da Geovanna, era um bebé diferente. Por exemplo, co 1 ano de idade não respondia pelo nome, não expressava sentimentos. Foi exatamente aí que percebi que necessitava procurar ajuda para saber o que se passava com o Rodrigo”, refere a Dr.ª Katia da Silva Almeida, mãe atípica, membro da comissão organizadora do CEA. “Quando recebemos o diagnóstico do Rodrigo, ficámos desolados. Porque naquele momento ficámos com medo de como seria o seu futuro e se ele viria a falar ou não. Após esse momento de angústia, decidimos começar um tratamento precoce”, conclui Katia Almeida.


Após o diagnóstico, e dependendo do perfil da criança, serão aplicadas intervenções estratégias comportamentais e e multidisciplinares de acordo com as necessidades e potencialidades de cada indivíduo, Análise Comportamental Aplicada (ABA), Terapia da Fala, Psicomotrocidade, Terapia Ocupacional, Psicologia, Pedopsiquiatria, Técnicos de Intervenção Precoce.

 

É de salientar que após e durante o tratamento, que pode desenvolver-se ao longo de anos, há ainda que lidar com as questões relacionadas com a educação e com a inclusão social das pessoas com autismo.

 

É, assim, fundamental que a sociedade trabalhe para eliminar estigmas associados com o autismo, promover a inclusão e fornecer os recursos necessários para garantir que indivíduos autistas possam alcançar todo o seu potencial, contribuindo de maneira significativa para a comunidade em que vivem.

 

Estas são algumas das temáticas, dificuldades, desafios e oportunidades relacionadas com o TEA (autismo) que irão ser debatidas no CEA no próximo fim de semana em Lisboa. https://www.congressocea.com

 

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Para contactos Media:

Rui Martins

M. +351 919 923 752

 

 

INDIHARA HORTA

Fundadora do Centro de Desenvolvimento Infantil Kuzola Mona, Presidente da Comissão Organizadora do CEA 2024

A Dr.ª Indihara Horta é Mestre em Gestão de Saúde, Fonoaudióloga pela Universidade Santa Teresinha, Brasil, especialista em Transtornos do Desenvolvimento, Motricidade Orofacial, Linguagem e Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

É ainda certificada em Integração Sensorial pela Universidade Sul da Califórnia, EUA, com Certificação no Modelo Denver de Intervenção Precoce, e Certificação Internacional no método PROMPT, nível 1. Analista do Comportamento.


Pioneira em Autismo e Análise do Comportamento Aplicada em toda a África Austral e Fundadora da Plataforma de Responsabilidade Social denominada Capacitar Para Cuidar que oferece acessibilidade e assistência terapêutica para pessoas de baixa rendimento em Angola e Moçambique e abrangente a todo continente africano.


A Dr.ª Indihara é Mãe Atípica de uma linda menina com altas habilidades e Autismo e Co-Autora de 3 livros publicados sobre Desenvolvimento Infantil e Autismo.

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