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Foto do escritorRui Martins

Storytelling. Uma boa história prende-nos

Como refere Richard Schechner, o Storytelling “é uma via de transformação da consciência”, sendo essencial à busca do ser humano pelo significado, e que nos faz sentir parte de algo. Uma boa história prende-nos! Faz-nos sentir parte de algo.


O Storytelling é acerca da comunicação sobre verdades factuais (em oposição a ficção) em forma de narrativa (Salmons, 2006), um meio de interpretação e compreensão das empresas (Landrum, 2008).


“Nunca substime o poder de uma boa história.”, John P. Kolter

As histórias são como vírus: omnipresentes, estão à nossa volta; contagiantes, se ecoarem, disseminam-se; aderentes, embebem-se nas nossas memórias. Para ligar-se às pessoas ao nível mais profundo, precisa de histórias (Rob McKee).


Em mercados de rápida mudança, a liderança “a habilidade de um indivíduo influenciar, motivar e capacitar terceiros para contribuírem para a eficácia e sucesso da empresa que integram” (House et al, 2004), requer “uma vívida descrição de ideias, crenças, experiências pessoais e lições de vida através de histórias ou narrativas que evoquem poderosas emoções e perceções” (Serrat, 2008), oferecendo desta forma uma via emocional que irá a ação e a mudança disruptiva (Denning, 2004).


Veja como a Air France utiliza o Storytelling de forma ambiciosa, emotiva e inspiradora no novo filme promocional "Taking Elegance to new heights".



De que se tratam as histórias?


As histórias questionam “o que aconteceria se?”. São acerca de mudança, como e porque mudam as coisas ao longo da vida. Mostram verdades humanas, fraquezas, forças, esperanças, receios, desejos. Mostram opções, e as consequências dessas escolhas.


Um aspeto essencial das narrativas criadas pelos métodos Storytelling Tradicional ou Digital é a atenção à forma de contar a história, o fato da narrativa ter um princípio, meio e fim, na qual se encontra um problema que carece de resolução.


Classicamente, é uma intriga com uma sucessão de acontecimentos ao longo de uma sequência temporal, sendo o conflito o motor da narrativa que se vai desenrolando através de uma estrutura de tensão e de alívio, e onde existe pelo menos uma personagem principal (Lopes, 2009).


A definição da narrativa moderna


O drama dentro de uma história resulta do conflito que pretende mostrar. É quando o herói é desafiado ao máximo que vemos o melhor de si vir ao de cima. Semelhantemente, as marcas e as empresas necessitam de identificar o conflito que pretendem resolver.


Ao trabalhar a sua história, deverá identificar as tensões e paradoxos na sua categoria de negócio, e como a sua marca pode contribuir para solucioná-los.

  • Quem é a nossa audiência? O que precisa comprar ou adquirir?

  • Quais são as nossas histórias (desafios e oportunidades)?

  • Quando planeamos contá-las e com que frequência?

  • Onde iremos promovê-las (com que suportes e em que canais)?

  • Porquê, como irá beneficiar a empresa e os seus públicos-alvo?

Veja como o Turismo de Portugal, utlizando o Storytelling, promove o destino da Serra da Estrela, assente na emoção e experiência que o consumidor/turista poderá fazer durante a sua estadia.




Os 4 Elementos do Storytelling


Porquê contar histórias? As histórias dão-nos contexto, ao questionarem “o que aconteceria se...?”, e o contexto ajuda-nos a compreender as coisas.

  • As histórias ajudam-nos a compreender as nossas ações e motivações.

  • As histórias ajudam-nos a aprender, relacionarmo-nos, recordar e partilhar.

  • As histórias motivam à ação, persuadem, informam e inspiram.

  • As histórias podem ter um impacto duradouro, ao ser contadas continuamente, embebem-se nas nossas próprias e nas memórias partilhadas.


Neste âmbito, o Storytelling é composto por 4 elementos: Mensagem, Conflito, Enredo e Personagens.


Mensagem: compreende a promessa estratégica e a promoção da mensagem.

  • Promessa estratégica: qual a sua proposta de valor e diferenciação de mensagens (1 a 2 no máximo) de acordo com as distintas audiências

  • Promoção da mensagem: diferencie os meios e canais de comunicação e envolvimento, e integre online (redes sociais, email marketing, website) e offline (publicidade, relações públicas)

Conflito: as histórias são acerca de conflito interno ou externo, nem sempre negativo. Quais os problemas que o forçam a agir e como restaurar a harmonia?


Pense nesta estrutura ao equacionar a história da sua marca: o que gerou a disrupção, o que tem o protagonista que solucionar, qual o ponto fraco, em que ponto é que o protagonista é desafiado ao máximo, o que faz o protagonista para solucionar o problema?

  • Ordem & Disrupção – tema a solucionar: o drama que uma história encerra advém do conflito interno

  • Luta & Caos – conflito: demonstra pessoas a solucionar desafios internos e externos

  • Resolução – regresso à normalidade: o momento em que o herói é desafiado ao máximo e em que vemos a mudança a ocorrer, e o problema a ser solucionado

A sua marca necessita de identificar o conflito que pretende solucionar. Ao trabalhar a sua história, terá que identificar as tensões e paradoxos (os problemas que o levam a agir), dentro da sua categoria / setor e o que a sua marca pode fazer para solucioná-los e restaurar a harmonia.


Enredo: é o elemento crítico da história, captura a atividade dentro daquela e a sucessão de ações e reações. Cada enredo representa um valor humano diferente e, por analogia, revela-nos as diferentes escolhas e decisões.


Christopher Booker, em “The Seven Basic Plots”, define 7 tipos de enredo. Saber qual é o da sua história torná-lo-á mais forte. Qual o valor que a sua marca pretende veicular? Ilustremos com alguns flimes.

  1. Superando o monstro: o herói tem que derrotar o monstro e restaurar a ordem ameaçada, e.g. Star Wars

  2. Trapos de riqueza: personagens modestas e virtuosas que acabam em final feliz quando os seus talentos especiais são revelados, e.g. Shrek

  3. A busca: herói em busca de tesouro precioso e luta contra todas as probabilidades, e.g. Fúria de Titans

  4. A viagem e regresso: protagonistas normais que se vêm envoltos em mundos estranhos e têm que regressar às suas vidas normais, e.g. Anjos e Demónios

  5. Comédia: não necessariamente humor, mas antes confusão a solucionar antes dos amantes serem unidos, e.g. Júpiter

  6. Tragédia: as terríveis consequências do egoísmo humano, e.g. Marie Antoinette

  7. Renascimento: sombra ameaçadora até que acontecimentos fortuitos levam ao restauro de um mundo feliz, e.g. Felicidade por um Fio


Personagens: quem são os principais atores e a suas multifuncionalidades, e quais as motivações das audiências às quais se dirige: intrínsecas (recompensas materiais), extrínsecas (realização pessoal), transcendentes (utilidade social).



Em conclusão


Se conseguir escrever uma história convincente acerca da sua marca, se conseguir descrever para onde está a ir a sua marca, o que representa e o que será o que se propõe a ser, conseguirá criar e posicionar uma marca com a qual as pessoas se irão relacionar, recordar e partilhar!


Seguindo este método do Storytelling, poderá mais eficazmente gerir a sua marca, que os clientes irão adorar, recordar e comprar; compreender as fontes de conflito e tensão, fonte da sua história; desenvolver a estratégia mais adequada para ir ao encontro das necessidades e expetativas das suas audiências, definindo a visão e os desafios ao longo do enredo; e acabando por gerar mudança interna e externa, ao identificar a história corporativa e embebendo-a no negócio.


Do ponto de vista de comunicação estratégica integrada, este método, em paralelismo com a jornada do herói, pode suportar a definição da nova jornada do consumidor (R. Edelman), que poderá aplicar à sua marca, assente nos seguintes passos:

  1. Considerar: que marcas ou produtos/serviços têm em mente os consumidores

  2. Avaliar: recolha e análise de informação de mercado para estreitar escolhas

  3. Comprar: os consumidores decidem-se por uma marca que os inspira e compram

  4. Pós-compra: reflexão sobre a experiência, criando expetativas e considerações sobre nova compra

  5. Advogar: consumidores partilham a experiência de compra (word of mouth ou word of mouse) acerca do produto/serviço adquirido


Em resumo, tenha um conhecimento profundo sobre a tomada de decisão, focalize-se em estratégias e touchpoints de influência, incorpore programes de lealdade, defina uma comunicação integrada, incluindo métricas de atitudes de consumidor, performance de marca e eficácia do investimento.


Está pronto/a para contar a sua história?



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